sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Off-topic: férias e surfe

Talvez não seja tão off-topic assim ao blog, uma vez que o surfe é um dos meus prazeres e não está descartado que a Caverna (a definitiva, não esta paliativa, que não tem espaço para isso) venha a ter algo sobre o tema por adorno. No entanto, neste momento, surfar só me cabe em poucos dias de férias e num artigo off-topic...

Em tempos idos, entre meus treze e dezenove anos, embora eu gostasse de jogar bola, longe estava o futebol de ser meu esporte preferido. Eu morava no litoral do Espírito Santo, e lá, naquele lugar e naquele tempo, o surfe ocupava a maior parte do meu tempo, em ação e em pensamento.

Um raro registro daquele tempo, numas merrecas da Praia dos Padres/ES...
...numa das últimas vezes, se não a última, que surfei.
Aos dezesseis anos, porém, eu passei no vestibular e aos dezessete fui para a faculdade (sim, eu estava um ano adiantado), bem longe do mar. No começo isso pouco afetou o tempo que o surfe me ocupava, mas com dezoito anos as oportunidades foram rareando e surfei pela última vez com dezenove anos. Depois disso, embora o desejo e a saudade permanecessem, as contingências me levaram para tão longe de qualquer oportunidade de surfar que nem sequer eu imaginava ter uma prancha novamente.

Os anos se passaram, eu me afastei de quase tudo e de todos daquela deliciosa e irresponsável época da adolescência, até que... veja só, há bênção também nas redes sociais, não apenas tretas políticas, filosóficas e teológicas... reencontrei um amigo daquele tempo e alguma afinidade além do próprio surfe nos aproximou em conversas interessantíssimas.

Então, certo dia, ele me diz: "Cara, eu vou te dar um prancha". Eu achei que era zoeira e brinquei. Mas ele levou muito a sério e, algum tempo depois, uma encomenda chega em casa. Fiquei extremamente grato pelo presente e pela consideração. (Louvado seja Deus por você, meu caro Fernando Guéron!)

Daí, o que restou foi forçar ocasião para voltar ao mar. Apesar das contingências financeiras da vida, que não está fácil, fizemos, em família, questão de este ano tirar uns dias de folga e viajar e relaxar. No litoral, claro, e nosso destino foi Torres/RS. Cerca de vinte e cinco anos depois da minha última onda, portanto, lá fui eu, tentar minha sorte!

Foram quatro dias na praia, três deles tentando pegar ao menos uma onda em que eu ficasse em pé. Fui em três picos diferentes.

No primeiro dia, na Prainha, fiquei só no inside. Ondas muito próximas umas das outras e uma corrente absurdamente forte. E sem parede, quebrando tudo muito rápido. Fiquei bastante tempo na água, mas não consegui muita coisa.

No segundo dia, em Molhes, a onda é mais de pico. Mas sem lugar específico para quebrar. Demorei um tanto para chegar no outside e mais um tanto para descansar. Peguei uma única onda razoável e depois fiquei no inside. Foi o dia que mais fiquei na água. Também aproveitei para empurrar meus meninos no jacaré (quem sabe eles venham a gostar do esporte também).

O mais velho no jacaré.
O do meio se preparando.
O caçula ainda tem outras preocupações, junto com a mamãe.
No terceiro dia, não fui para a água. Fizemos vários passeios, primeiro no Parque da Guarita, depois um almoço e um passeio de barco passando pela Ilha dos Lobos (que, dizem, tem excelentes ondas, mas neste dia não tinha nem lobo nem onda alguma). Enquanto estávamos no Parque, percebi que a Praia da Guarita seria a mais amigável para tentar este retorno ao mar. Ondas em picos mais definidos e muito mais próximas da praia, sem grande espaço de arrebentação. Decidi ir a ela no dia seguinte.

No quarto dia, de novo na Guarita, o mar infelizmente não estava tão bom quanto no dia anterior. Cheguei fácil no outside várias vezes. Mas tinha dificuldade em pegar a onda. O mar, que já estava pequeno, foi ficando cada vez pior, e fiquei cada vez mais com dificuldade em pegar. Peguei uma, já quebrando e bem atrasado, mas que fiquei em pé decentemente. Aí, depois de algum tempo tentando pegar outras ondas sem sucesso, desisti e fui empurrar meus meninos no jacaré. Fiquei umas duas horas nisso. De todo modo, foi bom confirmar que para voltar a surfar esta praia é mais amigável.

E isso foi o melhor que pude. Pode parecer pouco e frustrante, mas a alegria é indizível.
Em resumo, a dificuldade em remar é enorme, principalmente para pegar a onda. Preciso de melhor condicionamento físico. O mar aqui, no entanto, também não ajuda muito. Além de pequena, a onda é gorda. Na parte gorda falta braço. Na parte já quebrando falta parede. Pelo menos foi o mar que vi. Deve haver dias melhores.

Mesmo assim, foi duplamente bom. Pois, primeiro, eu pensei que jamais voltaria ao mar com uma prancha. Voltei. E, depois, eu achei que, além de não conseguir remar, se chegasse a pegar uma onda, não ficaria em pé minimamente de forma decente. Fiquei. Certamente não é como andar de bicicleta, mas, de fato, pode-se tirar o surfista do mar, nunca o mar do surfista. Estou feliz pacas!

Voltei para casa saciado, e até minha esposa se empolgou em me ver retornar a surfar… Já até pesquisamos formas de deixar a viagem mais em conta para que seja mais frequente (mesmo que não tão frequente quanto eu gostaria). Retornaremos…

SDG!

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