sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

1ª Noite dos Líquidos Biblicamente Permitidos

Finalmente estreei a Caverna para uma NdLBP!

Eu estava um tanto indisposto após o longo dia de trabalho, mas depois de uma dipirona e um jantar com uma ótima costela de porco ao barbecue, animei-me a degustar uma "sobremesa".

O foco, então, não estava bem nos líquidos, mas no charuto. Minha irmã veio passar o Natal comigo e, como me disse uma vez que queria experimentar um Montecristo, este foi seu presente. Ontem, portanto, tivemos ocasião para tal experimento.

Eu fui de Romeo y Julieta Mille Fleurs e Concha y Toro Carménère e ela de Montecristo nº 4 e cerveja Budweiser (mais para acabar com o estoque deixado pelo cunhado, marido da outra irmã, que por gosto, ao que eu a agradeço).

Muito papo, como sempre, e pouca foto. Uma só, na verdade. A GoPro estava sem bateria e eu não estava disposto a carregar. Então foi só uma selfie com o celular mesmo.

1ª NdLBP. Finalmente!
E então? Terei mais companhia para outras noites de líquidos biblicamente permitidos? Tomara que sim. Veremos!

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Em memória de uma excelente viagem

Era já meio dia. Estava acordado desde antes da alvorada e muito asfalto passou sob as rodas de sua moto. Parou para abastecer, a moto e o próprio corpo.

Como sempre, o frentista pergunta, como se não tivesse a resposta no tanque para o qual olhava e cuidava, com um pano que não evitava o desastre, não derramar gasolina:

- É uma Harley Davidson, né? Quanto vale uma dessa? Deve custar os olhos da cara.

Você responde com um sorriso amarelo e quase mecanicamente:

- É uma Heritage. Uma nova é mesmo cara, mas a minha é bem pagável.

- É mesmo? Quanto?

Tudo o que você não quer é pensar em grana. A viagem é justamente para deixar a rotina de lado por um tanto. E este trecho inicial foi, como sempre, deliciosamente prazenteiro. Então você resume:

- Pagável.

- Que ano?

- 2008.

O frentista termina, você paga e se dirige ao restaurante. A refeição é mais pesada do que o desejável, mas como evitar? Pelo menos foi boa o suficiente. Você só espera que ela não dê muito sono.

Agora começa o inferno dos pedágios e você retira da mala e coloca nos bolsos os saquinhos com as moedas separadas para facilitar a passagem.

Então você finalmente começa a subir a serra. As várias curvas pedem concentração, mas você não evita a viagem da mente enquanto viaja. Andar de moto é isso mesmo. E você fica com uma saudade imensa do seu pai: “ele ia adorar viajar comigo”.

A paisagem passa devagar. Você não tem pressa. Olhar e apreciar é preciso. Ainda mais porque é raro subir essa serra com o céu azul e o sol a ferver o capacete. Então você olha e aprecia com gosto.

O plano era parar acima da serra, pouco mais do que meio do caminho até o destino final. Dormir e tocar no dia seguinte. Mas a viagem rendeu e seu corpo ainda não pede descanso. Então você segue, devagar e sempre, olhando e apreciando.

O caminho segue tortuoso no planalto. Preto de asfalto. Verde, marrom e azul de vegetação, terra e céu. Seu prazer é imenso. Sua atenção constante. Você se mantém viajando e viajando: Deus é bom; sinto já falta da bagunça das crianças e da doce voz dela; aquele conceito de “terra das sombras” é mesmo uma coisa fantástica; como a metafísica faz falta a este mundo; que coisa mais linda; ah, a beleza; já e não ainda, primícias e plenitude, lágrimas e gozo...

Você olha para a direita e vê aquele hotel barato e honesto em que você ficou com a família da última vez que fez este trajeto com ela. Já é tarde, mas você continua, surpreendentemente, bem disposto. O sono do almoço pesado não veio. Louvado seja Ele! Vamos ao destino. Não falta muito.

Quando você finalmente chega ao anel viário, você ainda se espanta porque seu corpo poderia até ir mais longe, e isso não é nada comum. Mesmo assim, você agradece por estar quase onde se propôs estar, e tudo no mesmo dia. Nem mesmo aquela outra serra, sempre tão difícil, fez cansaço. Que viagem esta!

Luzes sem fim. A grande cidade é sempre ameaçadora, mas você a conhece bem. Pelo menos aquela parte dela. E você gosta. Ainda se sente em casa. Você se aproxima da luz que mais te interessa, a casa que vai ser seu lar por uns dias.

Portões, sorrisos e braços se abrem. Vozes familiares o saúdam e perguntam como foi a viagem.

- Bem melhor que o esperado. Acabei fazendo tudo em um dia.

- Quantos quilômetros mesmo?

- 1.100 de porta a porta.

- Puxa! E não está cansado?

- Bem pouco. Até poderia ir mais longe hoje. Mas uma cama, depois deste chão, é sempre bem vinda.

- Então entre, tome um café e um banho. Sua cama já está pronta.

E você louva a Deus porque não só a vida é boa como Ele lhe deu a amar amados que o amam! E dorme feliz!

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

A moto e a esposa

Eu, minha esposa e Lady Day.
Está rolando uma discussão bem legal no Forum H-D sobre um cara cuja esposa quer pilotar. Eu tenho sentimentos algo contraditórios a respeito. 

Quando voltei a pilotar, já casado e após um longo período sem moto, eu queria porque queria que minha esposa me acompanhasse. Muito pela companhia em si, uma boa porção porque há certas coisas que dão desejo enorme de compartilhar, um pouco porque ir junto é mais fácil que negociar o alvará. E se desejava a garupa, imagine uma companhia com outra moto!

Mas com o tempo, e porque ela nunca realmente curtiu, apesar de, sabendo do meu gosto, sempre me apoiar e até namorar motos comigo, comecei a perceber certas vantagens em rodar sempre sozinho.

Uma destas vantagens vem do meu próprio temperamento ensimesmado. Eu preciso de um tempo em solilóquio para esquecer do mundo e relembrar do que realmente importa. Para descansar e voltar à carga do dia a dia. Acho que, acima de tudo, minha esposa sabe disso e nunca faz muito drama para me conceder o alvará. A "autoridade competente" apenas me exige que nossas agendas sejam combinadas com certa antecedência.

Outra vantagem é que eu realmente detesto andar garupado. Eu confesso, sou um medroso e um meia roda. Na verdade até prefiro confessar isso a cada rolê. Porque assim eu evito todo exagero da autoconfiança. E se é assim solo, imagine garupado, quando a moto muda completamente todo comportamento. Toda vez que minha esposa senta na garupa, eu me sinto como um novato sem saber direito o que fazer a cada reação da moto. Isso traz desconforto a ela, porque percebe minha insegurança, e a mim, porque fico numa tensão dos infernos.

E eu descobri também que, se bem que seja divertida, às vezes, uma companhia em outra moto, no mais das vezes a companhia é um fator gerador de preocupação e tensão constantes. A gente sempre espera encontrar alguma sintonia na tocada e na postura na estrada, mas eu descobri que isso é algo raro. Isso quanto a uma companhia qualquer, imagine a própria esposa! Eu acho que eu ficaria tão preocupado e tenso que boa parte do prazer se esvairia.

A família reunida.
Agora, estou falando apenas da esposa. Na discussão do Forum alguém lembrou do filho, que começou a rodar com ele. Minha nossa! Eu nunca tinha pensado nisso. Sempre disse que gostaria que meus filhos me acompanhassem nos passeios e viagens. E ainda digo e direi. Mas agora já acordei para a realidade de que isso me deixará tenso e preocupado. Filhos! São uma dolorosa delícia!

No fim das contas, eu ainda sinto uma alguma frustração em não poder compartilhar aquelas certas coisas que a estrada nos proporciona. Pelo que, sim, entendo que é um privilégio uma esposa que acompanhe. Mas, no quadro geral, eu realmente prefiro o rodar sozinho, com a compreensão e o apoio da minha esposa e com o prazer de voltar, renovado, a ela e aos meninos. E como é prazeroso, e não menos privilégio, o poder ir a esmo e depois voltar ao calor e ao conforto do lar, aos beijos e abraços de amados que nos amam!

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Do que realmente importa

Imagem: Renata Daniella Vargas.
Uma coisa leva a outra e nem sempre entendemos como ou porquê.

Assim é que hoje li uma nota de pesar pelo falecimento de um motociclista e acabei lembrando de uma outra história, a desta postagem do Bayer no Old Dog Cycles.

É claro que imediatamente a gente pensa que a vida é curta e que a gente tem que aproveitá-la, dando valor ao que importa. Mas eu fiquei pensando que precisamos de um passo além...

Porque, ao lembrar desta história, eu fiquei mesmo é a pensar na ex-mulher do cara, não no cara. Não dá para saber dos detalhes da vida dela, nem do próprio cara, de modo que possamos fazer maiores juízos. Mas não é essa a intenção. Pois me basta saber que houve incidente suficiente para que uma pessoa, ela, ferrasse a vida de uma outra pessoa, o cara. 

E isso me leva a pensar em tanta gente que, não importa a frustração e a tristeza que estejam a passar, acham que podem encontrar grama mais verde em terrenos vizinhos. E que, ao se aventurar em tais terrenos, só possuem olhos para sua própria frustração e tristeza, só possuem olhos para seus próprios umbigos, e agem sem se importar realmente com a frustração e tristeza que vão deixar para trás em outros, sem que efetivamente deixem de encarar sua própria frustração e tristeza.

Talvez se pense que eu quero fazer alusão à traição em um casal, mas não. E não quero que nos coloquemos no lugar do cara, isso é fácil, mas no lugar dela. Pois quem de nós não é tentado? Penso mesmo em qualquer situação em que sejamos tentados a expurgar nossas dores fingindo que não sabemos que este expurgo causa dores em outrem.

Temos pais, irmãos, filhos, amigos... Enfim, mesmo quando não parece ser assim, temos gente que se importa. Note bem: o sofrimento, enquanto neste tempo, aí está até que tudo seja, por fim, restaurado. Todo lenitivo que o ignore é ilusão. E nenhuma ilusão de cessação de nossos sofrimentos vale o causar o sofrimento alheio, e tanto mais quando estamos afetivamente ligados, de algum modo, a quem fazemos sofrer.

De fato, a vida é curta e a gente tem que aproveitá-la, dando valor ao que importa. Acima disso tudo, porém, a gente precisa desesperadamente de discernimento sobre o que realmente importa.

O que fazemos neste tempo reflete na eternidade. E, meu caro, não importa se você não acredita na eternidade. Por isso, pense bem!

terça-feira, 20 de junho de 2017

Capacetes: Medalha de São Bento

Falando em capacetes, enquanto eu postava sobre o que comprei, fiquei pensando que já faz milênios que postei fotos de capacetes que gostei. O primeiro foi lá em janeiro de 2016, e o segundo em julho, também de 2016. Muito, muito tempo passou.

E não é que, desejoso de publicar sobre um capacete, mas sem buscar por nenhum, a Steel CD8 Motorcycles publica hoje no facebook um que vale a pena entrar para esta minha galeria!
Medalha de São Bento.
Eu sou cristão, não católico, mas cristão, e símbolos cristãos me atraem, embora a tradição a qual pertenço os evite (de modo geral, mas especialmente os que representem a própria divindade).

Uma descrição do significado no símbolo pode ser visto neste link. Aqui eu cito um trecho:
Na frente da medalha são apresentados uma cruz e entre seus braços estão gravadas as letras C S P B, cujo significado é, do latim: Cruz Sancti Patris Benedicti - "Cruz do Santo Pai Bento".
Na haste vertical da cruz lêem-se as iniciais C S S M L: Crux Sacra Sit Mihi Lux - "A cruz sagrada seja minha luz".
Na haste horizontal lêem-se as iniciais N D S M D: Non Draco Sit Mihi Dux - "Não seja o dragão meu guia".
No alto da cruz está gravada a palavra PAX ("Paz"), que é lema da Ordem de São Bento. Às vezes, PAX é substituído pelo monograma de Cristo: I H S.
À partir da direita de PAX estão as iniciais: V R S N S M V: Vade Retro Sátana Nunquam Suade Mihi Vana - "Retira-te, satanás, nunca me aconselhes coisas vãs!" e S M Q L I V B: Sunt Mala Quae Libas Ipse Venena Bibas - "É mau o que me ofereces, bebe tu mesmo os teus venenos!".
Esta medalha aparece no filme Constantine e, pelo último parágrafo citado, é fácil entender a razão. Também há um belíssimo isqueiro Zippo chamado, como era de se esperar, Constantine, com esta medalha, e que eu gostaria muito de ter, especialmente na versão Armor.
Zippo Constantine.

domingo, 28 de maio de 2017

E visitei a Indian...

... Com direito a test ride e tudo o mais!

Indian Chief branca e seu Thunder Stroke.
Aproveitamos os últimos dias das minhas férias para visitar a avó da minha esposa, que está com câncer (maldita doença!) em Campo Limpo Paulista/SP. E já que fomos para São Paulo, minha esposa, a autoridade competente, obrigou-me a ficar de chofer carregando a família para cima e para baixo, visitando também outros parentes e amigos.

Como chofer da autoridade competente, tive pouquíssimo tempo para fazer outras coisas. Mas no último dia por lá, após um passeio com as crianças no Instituto Butantan, arrastei esposa, filhos, sogra e cunhado para a concessionária Indian que fica na Avenida Bandeirantes. 

Fui querendo ver in loco principalmente a Springfield. Que não havia. Segundo o vendedor, as Springfield chegam ao Brasil a conta gotas e já vendidas. Uma pena, mas a visita não foi de forma alguma perdida. Tirei minhas próprias impressões, nada técnicas e absolutamente pessoais, que relato a seguir...

Primeiro o final, porque eu nem dei tanta atenção a Scout e ela foi a última nos ass tests. Não tenho muito a dizer exceto que fiquei realmente impressionado com o tamanho da moto: é minúscula. E levíssima. Sinceramente me senti mais numa pequena street do que numa custom. Mesmo as Sportsters com tanque peanut, em que me sento e sinto "faltar moto", possuem o imponente Evolution sob nossas pernas para nos lembrar que é uma H-D. A Scout me pareceu uma Twister. Não que eu a despreze, ao contrário, mas... Não é moto para mim.

Os ass tests na Chief e na Roadmaster igualmente me impressionaram pela leveza das motos. Elas são enormes, mas mesmo a Roadmaster foi dócil para erguer e "mexer". Pelo menos parada. Chego a compreender os relatos que dão conta que "é tudo plástico". Mas não caio no conto do HOG apaixonado. As Indian são belíssimas, extremamente bem acabadas e, bem, possuem o Thunder Stroke, aquela obra de arte!

Uma coisa que me deixava curioso eram os alforges: o tamanho e o contato deles no paralamão. Quanto ao tamanho, num primeiro momento eles me pareceram um pouco menores em comprimento que os das Tourings H-D. Por outro lado, a ausência de um amortecedor parece compensar, e bem, o volume. (E isso vale para o alforge em couro da Vintage também.)

Como minha curiosidade se concentrou nos alforges, o vendedor me mostrou os pontos de tomada 12V (no tourpak e nos alforges). Isso é algo que eu não sabia que tinha e pode ser muitíssimo útil.

Quanto aos pontos de contato dos alforges no paralamão, as motos em exposição têm um adesivo plástico de proteção. O vendedor me disse que é menos por um possível arranhar por vibração e mais porque os curiosos que vão aos montes na loja, principalmente aos sábados, nunca andaram numa custom e batem a perna no alforge tanto ao se aproximar para olhar quanto para subir na moto. Eu achei a história engraçada, mas nada convincente. Talvez as Indian não sofram mesmo de tremedeira, mas eu acho que aquele adesivo protetor acabaria sendo uma necessidade. É uma borracha, eu sei, mas... Sei lá, Achei que é um ponto fácil para aparecer arranhões.

Outra coisa que gostei sobremaneira foi a posição do guidão. Ele me lembra muito o que eu fiz na minha finada Heritage, apenas um pouco menor, e me parece que eu necessitaria de pouco mais de pullback para me sentir mais confortável.

Preparando-me para o test ride.
No finzinho, o vendedor me ofereceu um test ride na Chief, o que aceitei com extremo prazer. O trecho foi curto, sem curvas (o que me frustrou um pouco, pois eu queria deitar um pouco a menina em movimento para ver qual é), mas foi o suficiente para confirmar, ao menos como impressão, que um guidão com mais pullback me seria necessário. Como eu colocaria mesmo um beachbar, isso já estaria na conta. 

Eu me atrapalhei um monte com as setas. Uma vez padrão H-D, sempre padrão H-D. É questão de se acostumar, é verdade, e é mesmo uma insignificância, mas eu odiei aquilo. A propósito, o vendedor foi me guiando numa touring que, apesar do tourpak, acho que era uma Chieftain (eu não reparei na hora). Atrás dele eu ia ouvindo a música que ele colocou no som dela. Olha, andar com som é mesmo muito legal. Ainda não tenho desejos por fairings fixos (prefiro um destacável na H-D, ou o parabrisa na Indian), mas desejo cada vez mais som na moto.

Agora, o que me impressionou muito mesmo foi a maciez do conjunto amortecedor/banco. É bem verdade que minha memória da Heritage está mais distante e o que me é constante é a tremedeira e o pula pula da Sportster. Mesmo assim, a Chief me pareceu muito, mas muito mais macia que a Heritage. Também mais que a Road King (que dei uma volta mais ou menos do mesmo tamanho aqui mesmo em Canela). Segundo dizem, a Springfield, com as diferenças da linha touring, como o ângulo do caster, seria uma moto ainda mais confortável. Rapaz, melhor eu nem testar!

Ah, sim, não senti a moto vibrar. Mas, como eu disse, estou mais acostumado com a tremedeira da Sportster, então nem consigo ter um parâmetro para sentir isso. De todo modo, a Heritage tremia muito pouco. Não acho que eu sentisse falta dessa característica não. O que me importa é que o motor é torcudo como deve ser um motor de custom. E, ah, mano, eu nunca me canso de dizer: o Thunder Stroke é uma obra de arte!

E é isso. Meus filhos até estavam se divertindo entre as motos, mas esposa, sogra e cunhado estavam ansiosos por voltar para casa. A visita foi curta, mas me foi o suficiente. Se eu trocaria a H-D pela Indian? Facilmente, não fosse tão difícil ($).

Segue um videozinho curto da visita, com as fotos que tirei e com o trecho de saída do test ride, filmado por minha esposa:

Chief test ride.

terça-feira, 14 de março de 2017

A inquietação que virou quilômetros

No forum H-D o Wissmann nos contou de uma "inquietude de ficar parado", dizendo: "a imagem da estrada correndo embaixo da minha bota é algo que me satisfaz, quase como poesia rondando minha cabeça".

Pois bem, ele preparou um roteiro de viagem e, após algum tempo, ele nos fez um relato desta viagem. Gostei deste relato porque, por um lado, parece com os meus, e, por outro, porque também não parece com os meus. 

Contraditório? Não, uma vez que os aspectos de semelhança e diferença não são os mesmos. Leia e entenda!

Obs.: O texto está um pouco editado por mim, mas é o texto dele, que, gentilmente, permitiu a publicação aqui.

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Antes de partir.
Um bom tempo já passou desde que eu voltei, até porque eu fui em outubro. Já vendi a 1200CB, já chegou a Deluxe, minha mina já veio morar em SP... Muita água debaixo da ponte.

Na época da viagem eu escrevi um diário, documentei bastante coisa, mas acho que foi mais um companheiro meu do que algo que seja necessário compartilhar aqui, acho que o melhor vai ser escrever alguns casos engraçados e curiosidades que eu passei.
Camping.

A viagem durou 12 dias, 6 mil kilometros e eu fui sozinho. Passei por SP, PR, SC, RS, depois subi RS, SC, PR, MS, GO e, por fim, voltei para casa, GO, MG e SP. Acampei muito, fiquei em hotel 4 estrelas, precisei de ajuda, fiquei bebado, tive medo, paguei cachaça pra mendigo e até nadei pelado em cachoeira.

PONTOS ALTOS:
  • Cachoeira Veu da Noiva – Serra do Cipó MG: Esse foi um dos pontos que eu acampei. Lugar lindo em MG, estrada bem vazia pra chegar até lá e no Camping da ACM tem uma piscina natural e uma cachoeira privativa. Conheci um casal de paraguaios aqui e eles me propuzeram na hora do jantar trocar uma caixa de Skol gelada por arroz com atum que eu tinha preparado. Óbvio que eu aceitei.
    Cachoeira.
  • Serra do Rio do Rastro SC: Lugar lindo demais. A serra é magnifica, mas na verdade o que me encantou mesmo foi a estrada para chegar na serra... 60 km de curvas de alta (110/h) onde a pretinha surfava na estrada e eu me sentia muito feliz com aquela dança. Obs: cheguei no topo da SRR e não via um palito na minha frente por causa da neblina, tive que dormir na primeira cidade lá em cima (Bom Jardim da Serra).
    SRR.
  • SC 114: Essa estrada, que fica no meio de SC, estava sendo refeita e tinha trechos nos quais as faixas ainda não tinham sido pintadas no chão, mas meu amigo... Que tapete! Mão embaixo e pedaleira raspando o tempo todo. Que estado maravilhoso é SC e suas estradas e mulheres. Quero muito voltar.
  • Cerveja Polar: Estava em Erechim depois de 430 km de serras, cheguei no boteco, perguntei qual cerveja tinha e o garoto do meu lado já falou: “Se você pergunta que cerveja tem, é porque não é daqui!” Acabei pedindo a Polar, como ele me indicou, e me juntei na mesa da turma dele, gauchada gente boa, cerveja gelada. Mas depois de 12 garrafas de Polar desconfiei, porque só tinha homem do meu lado.
  • Polar.
    • A ajuda em Campo Grande: Chegando em Campo Grande para acampar, eu errei o caminho porque o Google Maps me mandou por uma estrada de terra (e pasmem, não avisa) e eu me enfiei num sobe e desce lazarento que estourou meu sensor de ABS... Ligações feitas, whatsapp bombando de sugestões e descobri a oficina El Camino em CG. Os caras me ajudaram demais, me tranquilizaram, falaram que não tinham a peça, mas que era só continuar sem o ABS que não tinha problema! Foi muito bom ter uma galera capacitada que me ajudou. Enfim, de volta pra estrada.
    • Moto na chuva.
    • O preço da comida fora de SP: Isso é um fato muito bom pra quem é de SP, fora da nossa cidade as coisas são mais baratas... Almoço por 12, 10, 8 reais... Prato de salada, arroz, feijão, carne e batata... Buxo cheio, deita na calçada, fuma e volta pra moto.
    • Comida.
    • Estar na Capital do País de moto com minha mina: Aqui eu fiquei genuinamente emocionado... Eu não conhecia Brasília, e os dois principais objetivos da minha trip eram a SRR e conhecer Brasília. Para o meu prazer, minha mina voou pra lá e passou o fim de semana comigo... Calor do Senegal, hotel 4 estrelas, serviço de quarto, noites de amor sem fim e ainda dois dias passeando pela capital com minha mina na garupa, foi f*da de verdade.
    • Brasília.
    PONTOS BAIXOS:
    • Estradas de MG: Conheço gente que fala que as estradas de Campo Grande são ruins (e realmente são), mas eu nunca vi nada igual as estradas de MG... Em um raio de 200 km de BH é só obra, trânsito, estrada péssima e perigosa. Desculpem-me se faço uma injustiça com meus amigos mineiros, mas quem passar por lá abra o olho. Óbvio que deve ter exceções, mas no meu caso foi isso.
    • Os ventos do Goiás: Cara, aqui meu c* piscava que não passava nem azeite quente. Peguei umas retas chegando em Chapadão do Sul que deviam ter uns 150 km de extensão, chuva forte durante 3 dias... Rapaz, o vento lateral é um perigo! Você anda como ele quer, vai pra onde ele quiser e a monotonia também não ajuda porque 150 km em reta é no mínimo 1 hora sem mudar de direção. Abram o olho e cuidado com o vento lateral.
    Algumas premissas que se fizeram necessárias ao londo da viagem
    • Não existe faixa dupla para motocicleta.
    • Comprometa-se com a velocidade. Num trecho de 600 km em um dia, se você não andar de mão colada, você nunca chega... Não estou falando para fazer c*gada ou algo assim, mas tem que enrrolar sim.
    • Viajar sozinho é uma maravilha. Foi ótimo! Eu me diverti demais. Óbvio que falta alguém para compartilhar os momentos, mas eu amo ficar sozinho... E sabe o melhor? Para ir é só subir na moto e ir: sem enrolação, dá um chapéu na mulher e vai.
    Meu roteiro final foi: São Paulo (SP), Curitiba (PR), Bom Jardim da Serra (SC), Erechim (RS), Toledo (PR), Jaraguari (MS), Rio Verde (GO), Brasilia (DF), Patos de Minas (MG), Serra do Cipó (MG), Santuário do Caraça (MG), São Tome das Letras (MG) e São Paulo (SP).
    Na fronteira.
    Agora em novembro, de moto nova, a viagem é pra Montevideu! Como falaram por aí, viajar de moto é como ser picado pelo mosquito e... Meu chapa, eu já estou contaminado!

    Valeu, seus nóia. 
    Abraços,
    Wissmann.

    ----- x ----- x -----

    Viram? É parecido, mas é diferente!

    Valeu pelo relato, Wissmann. E, descendo a Montevideo, dê uma passada por aqui. Pode ser que sigamos juntos um trecho da sua viagem!

    quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

    Road King S

    A H-D acaba de anunciar um "novo" modelo, a Road King Special:
    Road King S Charcoal Denim.
    Fonte: Site H-D.
    Eu sempre sou mais fã do cromo que do "dark custom", por mais que eu curta o visual mais agressivo deste estilo. Mas a Road King Special bem pode me fazer conceder uma exceção. Não que eu resolva efetivamente fugir do cromo quando chegar a hora (sim, o "projeto "bagger"), mas que, se esta for uma opção viável, ah, será uma opção a se considerar. Por certo será!

    Road King S Charcoal Denim, com itens de customização.
    Fonte: Site H-D.
    Bem, o visual dela é este aí (sobre detalhes técnicos eu nunca trato; não tenho competência para isso e há blogs por aí que fazem isso muito bem). Gostei demais. Mas uma coisa que me encheu os olhos foram os piscas. Eu sempre pensei que os piscas da Deluxe, na frente e atrás, ficariam ótimos na Road King. Não me seria uma prioridade, mas eu pensaria em fazer isso. No caso da Special, a traseira com os piscas da Street Glide são uma solução ainda melhor. Uns piscas com faróis auxiliares na frente, tipo aqueles da Kuryakin, complementariam o visual que eu curto.

    Baita moto! Gostei até das rodas!

    H-D: "Road King Special".
    Fonte: Warr's Harley-Davidson.

    quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

    Tattoo 5 - A cruz, de novo a cicatrização

    Ontem passei no Bikers Pub. Já faz um tempão que não passo lá, já que estamos concentrando esforços em pagar os rabos de conta da obra da casa. Está tudo muito diferente por lá, com uma reforma que mudou toda a configuração do bar. Até as canecas não são mais canecas (me contaram que cansaram de "perder" canecas e substituíram por algo mais em conta; que horror este nosso mundo!).

    É estranho. Não que haja uma mudança qualquer para pior. Apenas eu, que costumava ir ao bar com alguma frequência, me senti como em um ambiente desconhecido. Até porque a reforma ainda está em andamento.

    Em todo caso, fui e tomei uma cerveja. como eu disse no Instagram: o longo e rigoroso inverno que é uma construção de casa ainda não terminou, mas um homem precisa de um tempo para si e para seus gostos!

    Ah, sim, a tatuagem! Está terminando de cicatrizar. Aquela diferença de tons diminuiu bastante e já não parece duas tatuagens feitas em tempos distintos. Acho uma pena, por um lado, porque, como eu disse, eu tinha gostado deste efeito. Mas, por outro, o resultado final ficou realmente bom.

    Uma foto publicada por Roberto Vargas Jr. (@robertovargasjr) em

    quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

    Sportster 72

    Eu falo mais do "projeto bagger" do que do "projeto Sportster". Nem lembro se cheguei a falar do que desejo fazer com minha C, se eu puder ficar com ela (além da bagger). Tendo falado ou não, resolvi postar este vídeo com a Sportster 72, que é inspiração para minhas customizações na Custom.

    Infelizmente ela nunca veio ao Brasil e já saiu de linha nos EUA. Uma pena!

    Mas, se bem que eu tenha aprendido a gostar da Sportster em outras versões, a 72 é a mais bela de todas. Uma chopper bem clássica, cheia de cromo, com rodas raiadas, pneus faixa branca e tudo o que eu curto numa chopper, sem quaisquer exageros (seja old, seja new school).

    Na minha C, não quero trocar o tanque (eu até gosto do amendoim, mas com muitas reservas) nem quero cortar o paralama traseiro. Além do que já foi feito (traseira rebaixada - com kit, mas eu talvez o troque por um amortecedor de 10,5", riser reduzido e ape 12"), quero acrescentar algum cromo (mesmo que seja só com capinhas), roda raiada na traseira, pneus faixa branca, banco solo (ou o Mustang Fastback, que é bem legal também) e o filtro redondo.

    Não é muito a se fazer, mas a falta de grana me obriga esperar o tempo apropriado.

    Enquanto isso, sigo namorando a 72. Como ao ver esta propaganda de apresentação do modelo pela H-D:

    H-D: "Introducing The New Sportster Seventy-Two".
    Fonte: TAMPAHARLEYGROUP.

    sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

    Clássicas modernas

    Eu acho o contraditório termo "clássicas modernas" muito engraçado. Mas adoro esta onda retrô que coloca componentes atuais em motos com visual de tempos em que a beleza contava.

    Uma dessas clássicas modernas (que, ao menos até aqui, não tenho notícia de vir ao Brasil) é a Honda CB 1100 EX. Uma bela naked inspirada nas quatro cilindros japonesas das décadas de 70 e 80. Eis aí um exemplar que seria um caso a pensar para uma segunda moto.

    Há um belo comercial da moto com aquele velho conhecido mote de passar o gosto de uma geração a outra. Bem, eu nunca me canso disso!

    Honda CB1100: Launch video - "Always the one".

    terça-feira, 10 de janeiro de 2017

    Tattoo 4 - A cruz

    O desenho base.
    Então meti a cara e fiz mais uma tattoo.

    Muito tempo atrás, eu fiz um desenho para encomendar um patch para meu colete, ainda na boa época do Boteco dos Estradeiros, um grupo de mototurismo que se reuniu porque todos possuíam Mirage (que depois foi sendo devidamente substituída por motos maiores). Este desenho consistia de uma cruz, uma Bíblia aberta com alfa e ômega em suas páginas, além de uns símbolos sobre ciência, filosofia e teologia, grandes interesses meus.

    Ao pensar na nova tatuagem, eu quis aproveitar esta ideia, apenas retirando os tais símbolos. Ao lado, a imagem já um pouco trabalhada para servir de base ao trabalho. Ah, sim: a vontade era fazer um preto e cinza o mais realista possível.

    No início.
    Confesso que não estava botando muita fé de que o desenho ficasse lá muito realista. Mas também é um desenho simples. Nada que não pudesse ser melhorado ou complementado depois. Então nem estava muito preocupado que não ficasse exatamente do meu agrado.

    Quando começou, porém, já vi que ia gostar do resultado. A foto ao lado foi durante uma pequena pausa que a tatuadora me pediu para colocar um piercing em uma cliente.

    Duas coisas me impressionaram nesta sessão. Uma é que aproveitei para dar um retoque nos dedos, pois (bem) pequenas partes das letras ficaram claras ou apagaram de todo. Não lembrava que nos dedos doía tanto! Outra é que a pele do antebraço é bem mais sensível do que eu pensava. A agulha não doía quase nada, mas a pele ficou bastante "machucada" em algumas partes.

    No fim, a tatuagem ficou um pouco maior do que eu tinha a intenção de fazer, menos realista do que eu gostaria, mas muito melhor do que eu esperava (muito melhor mesmo!). Gostei bastante do resultado e até de alguns detalhes inesperados. A Bíblia ficou mais preta (e neste momento está é um pouco arroxeada) que a cruz e a cruz ficou mais cinzenta, com os detalhes de pedra bem legais. Este contraste que, se por um lado faz parecer dois desenhos feitos em separado, por outro, justamente por esta "sobreposição", destaca cada um deles. Realmente gostei bastante!

    Eis o resultado final:
    Resultado final.
    A foto não mostra bem o contraste das cores, mas dá uma boa ideia de como ficou.
    E a próxima? Bem, eu meio que desisti daquela minha ideia inicial da tatuagem nas costas. Acho que passarei aquela ideia ao braço e encerro minhas aventuras de tinta com ela (ou talvez com algumas letras nas costas; isso ainda pode ser). Mas as vacas continuam magras, embora engordando, e isso vai demorar um bom bocado. Enquanto isso, vamos cicatrizar esta!